Tudo Sobre o Mundo Cristão

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Para onde vamos?


A vida cristã envolve tanto a viagem quanto o destino

Jürgen Habernas, filósofo alemão contemporâneo:'A democracia requer que os cidadãos possuam qualidades que ela não tem como lhes fornecer. Os políticos podem criar visões elevadas de uma sociedade próspera, saudável e livre, mas nenhum governo é capaz de fornecer as qualidades de honestidade, compaixão e responsabilidade pessoal que precisam estar por trás dessa visão'.
Apesar de tudo que tem de positivo, os Estados Unidos demonstram alguns sinais claros de enfermidade. Tendo menos de 5% da população mundial, possui 25% da população carcerária – maior do que a da Rússia e da China somadas. O país consome metade dos remédios prescritos em todo o mundo. Em todas as grandes cidades, os sem-abrigo dormem nos parques e debaixo dos viadutos. E as principais causas de mortalidade são auto-infligidas: obesidade, alcoolismo, doenças sexualmente transmitidas, enfermidades decorrentes de stress, drogas, violência e câncer provocado por problemas ambientais. Fica evidente que os políticos não resolveram os problemas.
George Orwell observou a diminuição da fé religiosa na Europa (fato que ele aprovava) e comentou:
'Há duzentos anos estamos serrando continuamente o galho em que estamos assentados. Por fim, muito mais inesperadamente do que prevíamos, nosso esforço foi recompensado e viemos ao chão. Mas, infelizmente, houve um pequeno engano. O que nos esperava no solo não era um mar de rosas, mas sim um fosso todo trespassado de arame farpado... Parece que a amputação de nossa alma não é apenas uma cirurgia, como a remoção do apêndice. A ferida tende a inflamar'.
Felizmente, os políticos dos dois partidos nos Estados Unidos ainda reconhecem o papel essencial que a fé desempenha nas sociedades saudáveis. Os seguidores da fé cristã são encarregados de sustentar outro tipo de visão: o planeta é de Deus e não nosso e, à medida que o destruímos a ponto de deixá-lo irreconhecível, Deus chora. O valor de uma pessoa não é determinado pela aparência, salário ou etnia, nem mesmo pela posição como cidadã, mas é concedida por Deus, como dom sagrado e inviolável. A compaixão e a justiça – o cuidado com os 'meus menores irmãos', usando as palavras de Jesus – não são valores arbitrários escolhidos por políticos e sociólogos; são mandamentos santos daquele que nos criou.

Nós, cristãos, nem sempre vivemos de acordo com essa visão. Temos dificuldade para manter o compromisso ao mesmo tempo com este mundo e o mundo futuro.

Certa vez um irmão americano fez está analogia com uma camioneta repleta de turistas dirigindo-se para o Grand Canyon. Na longa jornada, atravessam as plantações de trigo no Kansas e as montanhas maravilhosas do Colorado. Os passageiros, inexplicavelmente, fecham as cortinas da camioneta. Pensando apenas no destino final, nem se dão ao trabalho de olhar para fora. Por isso, passam o tempo todo em discussões inúteis, como quem está na melhor poltrona e quem demora demais no banheiro.
A Igreja pode ficar semelhante a essa camioneta, afirma esse irmão americano. Devemos lembrar que a Bíblia tem muito mais a dizer sobre a vida durante a jornada do que sobre o destino final.
Algumas pessoas de fé tendem a ir para um extremo ou para outro. O terrorista suicida que explode uma bomba, por exemplo, abre mão voluntariamente desta vida na esperança de receber recompensas na vida eterna.
Isso vai totalmente contra a mensagem cristã, pois Jesus nos ensinou a orar para que a vontade de Deus 'seja feita assim na terra como no céu'. Jesus falava do reino de Deus tomando forma agora, neste planeta.
O mundo não precisa de extremos em nenhum tipo de persuasão – nem do crente que considera a vida algo que deve apenas suportar, nem de George Orwell, que percebe tarde demais que serrou o galho em que estava sentado.
Precisamos, na verdade, é de cristãos acolhedores, gente dedicada às criaturas e filhos de Deus assim como ao próprio Deus, tão comprometidas com esta vida quanto com a vida eterna, com esta cidade quanto com a cidade celestial. Se não for assim, a retórica dos democratas no Colorado, e também a dos republicanos em Minnesota, não passará disso: retórica vazia. Como Habernas diz, uma democracia de pessoas livres deve procurar em outro lugar as qualidades de que os cidadãos precisam.

Extraido de um texto de Philip Yancey

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